[PAISAGENS NEUROLÓGICAS – ARTE & CIÊNCIA] ed. #04, 2017 | 3º ANDAMENTO

2º a n d a m e n t o  | 18 de novembro
Parte #01 | 10H00 | MUSEU PO.RO.S | Auditório

ADELAIDE CHICHORRO FERREIRA apresentou: [DA LÍNGUA E OUTRO(S) CORPOS ESTRANHO(S)] (comunicação)

sinopse | Um corpo estranho que me apoquenta quotidianamente são os óculos, que deixo por todo o lado, como continua a ser normal, até ver. Menos normal é este segredo que aqui vos deixo: já tinha tido os meus quatro filhos quando aprendi o significado de body, numa loja de lingerie, um termo que anybody ou mesmo everybody conhece, designando uma peça de roupa interior. Até aí eu era somebody que, para efeitos de lingerie, usava no body, portanto. Esse tipo de loja era um local estranho para corpos como o meu, que se abastecem em qualquer lugar onde as cuecas possam ser preferencialmente 100% de algodão. O meu corpo é estranho, porque estranha toda essa parafernália de roupinhas & adereços & sapatinhos. E assim o mundo estranhou-me, sem eu sequer dar por isso, tão atenta estava eu a ele, mundo, e tão ignorante me ia tornando em matéria de corpinhos bem-feitos e outros patrimónios anatómicos estranhos. Poderão adivinhar muito mais acerca deste tão abrangente tema, porquanto outro corpo estranho em mim acabou por se tornar a língua portuguesa, por via da qual tentarei demonstrar que talvez não exista nada à face da terra que não seja maravilhosa e por vezes incomodamente estranho, consoante a perspetiva, porque sem isso não há alma que sobreviva.

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23760064_10155802476622305_926769894_o.jpgbio | Adelaide Chichorro Ferreira é professora de Linguística alemã e Portuguesa e Tradução no Departamento de Línguas Modernas e Literaturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Tem vindo a dedicar-se a diferentes tópicos no domínio da Ecolinguística, também com uma ênfase na escrita criativa, no sentido de preservar a diversidade linguística que é hoje tão necessária, assim como o conhecimento não hegemónico que tantas vezes ela transporta. Alguma bibliografia: – Karl Heinz Delille, Maria Francisca Athayde, Adelaide Chichorro Ferreira (coord.), A língua alemã: situação e perspectivas (Textos de Konrad Ehlich, Adelaide Chichorro Ferreira/Francisca Athayde, Maria José Terroso, Anette Kind/Susanne Munz e Joana Vieira dos Santos), Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos, Coimbra, MinervaCoimbra (= cadernos do cieg, n.º 24), 2006; – Adelaide Chichorro Ferreira (ed.) “Dito €-feito: (co)incineração, produção limpa e (crio)reciclagem. Ensaio de Ecolinguística Aplicada”, coordenação de Adelaide Chichorro Ferreira, cadernos do cieg, n.º 21, Coimbra, CIEG/MinervaCoimbra, 2006.Adelaide Chichorro Ferreira “Léxico e Estilo do ‘Desenvolvimento Sustentável’” (Alemão-Português), cadernos do cieg, n.º 13, Coimbra, 2005, com CD-Rom de anexos.; – “’Nature’ and ‘Environment’ in German and Portuguese Sustainable Development Strategies for Johanesburg 2002”, in: Collegium Antropologicum, vol. 28, suplemento 1, 2004, p. 207-227, ISSN 0350-6134; – “Friedenssoldaten mitten im Operationstheater: die Waldbranddiskussion in Portugal im Sommer 2005”, in A. Fill, H. Penz, W. Trampe (2006), (eds.), Sustaining Language. Essays in Applied Ecolinguistics. LIT Verlag Dr. W. Hopf, Wien, Berlin, 2007, p. 161-179; – Ferreira, Adelaide Chichorro, 2014, «Sorry for bothering, but words of hope must be rescued. An almost narrative review of Ecolinguistics», in: Journal of Political Science and Public Affairs. Citation: Ferreira AC, J Pol Sci Pub Aff 2: 136. doi: 10.4172/2332-0761.1000136; – Ferreira, Adelaide Chichorro Ferreira, «Musas, musos e o museu pós-colonial: Porta aberta para o «encolhimento»?», no prelo.


MARCO ANDRÉ MADUREIRA apresentou: [ÉTICA DO TRANSUMANISMO] (vídeo-conferência, transmissão a partir da Alemanha)

sinopse | Há cerca de dois milhões de anos, o humano hábil, ou Homo habilis, aprendeu a usar ferramentas em pedra. Mais de um milhão de anos mais tarde, o Homo erectus aprendeu a dominar o fogo. Apesar destas conquistas parecerem humildes em comparação com enviar uma pessoa para a lua, tendem a ser consideradas os primeiros indicadores da nossa capacidade de transcender as nossas limitações biológicas. Outros animais também sabem usar ferramentas. O que parece ser um traço exclusivamente humano, é a capacidade de transcender ou redirecionar as suas condições biológicas no sentido de um resultado não utilitário. Ou seja, não só muitos de nós procuram ativamente meios de garantir segurança, alimentação, abrigo… como o fazem outros animais, também vivemos a fantasia de perfeição corporal, dos conhecimentos profundos, da imortalidade, da força sobrehumana… Uma transcendência que tem potencial para ocorrer no futuro próximo é de particular interesse para o meu estudo, nomeadamente o aumento radical da longevidade.

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23768939_10155802348132305_400967738_o.jpg23760269_10155802353967305_1326522643_o.jpgbio | “Cresci no Luxemburgo. O mestrado que escolhi foi em estudos norte-americanos em Coimbra. Estou atualmente a trabalhar no doutoramento em Munique, a capital da cerveja na Alemanha. Para o mestrado e para o doutoramento decidi olhar para algo realmente relevante: as ciências modernas. Para o doutorAmanto preocupo-me com a questão do transumanismo. Tenciono ficar pela Alemanha porque em muitas estradas aqui não existe limite de velocidade e as universidades não exigem propinas. Apesar do doutoramento e do meu emprego a tempo inteiro, consigo arranjar algum tempo para as minhas paixões: desenhar o Mewtwo dos Pokémon e rever episódios de Dragon Ball Z (aqueles com os Androides e o Cell); chatear a malta das universidades que vive no seu mundo isolado (ou como eles dizem: na torre de marfim); patins em linha, salsa (a dança) e cozinhar (por vezes usando a outra salsa).”


MARIA CATRÉ apresentou [CONHECER A DIMENSÃO IMATERIAL DOS ESPAÇOS [CONDITIO SINE QUA NON PARA A APROXIMAÇÃO DA ARQUITECTURA AOS SEUS UTILIZADORES]: METODOLOGIA(S)] (comunicação)

sinopse | O propósito da arquitectura é o de servir o seu utilizador, algo que se concretiza na relação dos espaços com os sujeitos e comunidades que os habitam. Importa, por isso, conhecer, para além das características físicas, a dimensão imaterial dos lugares composta por narrativas e relações sociais, significados, práticas, legado, história e cultura [enraizados nos espaços e na arquitetura] para que, partindo da identidade plural e única de cada lugar, o estudante de arquitetura possa aprender a adequar as propostas de intervenção às necessidades dos seus utilizadores e às particularidades do contexto. Que metodologias privilegiar no ensino de projecto? Qual a pertinência do cruzamento disciplinar com outras áreas do conhecimento, como as Ciências Sociais e Humanas?

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23798213_10155802336547305_501331734_o23760229_10155802338657305_698472668_o.jpgbio | Maria Costa Catré, nasceu em 1994, em Coimbra. Concluiu o Mestrado em Arquitetura pelo Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra em 2017. Enquanto estudante, participou na exposição “Ectoplasma, ou o fantasma do cadaver exquis”, sob a direção do Professor António Olaio, para a 16ª Semana Cultural da UC (2014); na exposição “Cidades do Futuro/Cities of the Future”, sob a direção do Professor Mauro Couceiro, para a 18ª Semana Cultural da UC (2016). Participou também no workshop e congresso internacional Muiscarch’17: Designing with(in) Istanbul na Turquia (Maio 2017)


VÍTOR COSTA apresentou: [A VIVÊNCIA ARTIFICIAL DE UMA MORTE AUSENTE] (comunicação)

sinopse | A morte asséptica e a falência da religião activam uma nova vivência da morte e transformam os cemitérios oitocentistas – autênticos museus a céu aberto – em destino turístico onde os vivos são seduzidos pelos mortos. Esta relação é, no entanto, experienciada em antonímia, quer pelo (des)relacionamento existente entre o visitante e o tumulado, quer pela incapacidade de apreender o discurso iconológico presente nos monumentos funerários do romântico século XIX.

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bio | Vítor Costa é licenciado em História da Arte e, desde 2010, assistente convidado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). É igualmente investigador no CAACP (Centro de Estudos Arqueológicos, Artes e Ciências do Património), encontrando-se actualmente a concluir o seu doutoramento em História da Arte, um estudo centrado na problemática da Arquitectura e Arte Cemiterial no século XIX.


LINO FERREIRA apresentou: [O ENVELHECIMENTO NUMA PERSPECTIVA BIOLÓGICA] (comunicação)

sinopse | O que é o envelhecimento? Os números e o impacto social do envelhecimento. O envelhecimento cardiovascular. Causas do envelhecimento cardiovascular. O programa de investigação em envelhecimento na Universidade de Coimbra. O projecto ERA Chair em envelhecimento financiado pela comunidade europeia. O estudo do envelhecimento com recurso a células estaminais. A utilização de nanotecnologias para modular a actividade de células estaminais endógenas.

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bio | Lino Ferreira nasceu em Santo Tirso em 1971. Licenciou-se em Bioquímica pela Universidade de Coimbra tendo depois realizado Doutoramento num programa misto entre a Universidade de Coimbra e o Rensselaer Polytechnic Institute (Nova Iorque, EUA). Realizou o seu pós-doutoramento no MIT (Massachusetts Institute of Technology, Boston – EUA) em células estaminais e nanotecnologias. Regressou a Portugal em 2008 para lançar o seu grupo de investigação em Engenharia de Tecidos no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. Em 2010 venceu o prémio Crioestaminal para a melhor investigação na área biomédica em Portugal, em 2012 recebeu um projecto do European Research Council (ERC) e em 2016 recebeu um projecto ERA-Chair em envelhecimento na Universidade de Coimbra. Desde 2007 é um dos coordenadores do programa de doutoral MIT-Portugal. Em 2009 fundou a Matera, um projecto empresarial na área de biotecnologia, e tecnologia desenvolvida no seu grupo levou a formação de vários projectos internacionais (Exogenus Therapeutics, Gecko Biomedical, entre outros). Desde 2008 atraiu mais de 8 milhões de euros em financiamento.


FRANCISCO LAVRADOR PIRES apresentou: [IDENTIDADES MULTIPLAS, “DIGITAL TWINS” E ENTIDADES DISTRIBUIDAS] (comunicação)

sinopse | Os simulacros de uma presença “Omnicanal” através de unidades de processamento neuronal em “pedra”, compõe dinâmicas de interação no espaço/tempo reconstruindo-se em campos de identidades multiplas. Não fui eu ! foi o meu “Digital Twin” que interage “over the air” e sente em tempo real, pensa, diz e faz num continuum imersivo, do qual interdependo em “closed loop”. Em contacto com entidades autónomas distribuídas, o meu “Duplo Digital” entra em Hiperespaços Abertos, enquanto o real evolui no conflito e cresce na contradição e na diversidade com o virtual, o aumentado e o holográfico.

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bio | Francisco Lavrador Pires foi Senior Research and Strategic Thinker na Portugal Telecom Inovação, key account manager e consultor para o Empreendedorismo  Associativo. Com vasta experiência em engenharia, design thinking, técnicas de criatividade e liderança, desenvolvimento e implementação de projetos, programas e portefolios numa ampla gama de setores industriais. Francisco Lavrador Pires faz Investigação & Desenvovimento em “Tecnologias Cognitivas e Prospetiva de Oportunidades Reais para Empresas e Organizações Não Governamentais “. “Keynote speaker” nas áreas de liderança digital, transformação de negócios, inteligência de projeto, engenharia contínua e software automation, Neuro Computação; Cultura, Competências e Instrumentos para E-Learning e Transmissão/Partilha de Conhecimentos a Distância. Na Defesa e Compreensão de “Identidades Multiplas” assume a liderança de programas de Cibersegurança e Intelligence Threat Detection através de respostas regulamentares e standards ISO ( International Standard Organization) com vista a uma superior compreensão de “Duplos Digitais” perante a emergência de DAOs – Distributed Autonomous Oranizations.

 


Algumas imagens do debate (da esquerda para a direita) em diálogo Vítor Costa; Lino Ferreira; Francisco Lavrador Pires respectivamente das áreas do conhecimento da História da Arte; da Bioquímica/Engenharia dos Tecidos; Engenharia, E-Learning e Transmissão.

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